domingo, 26 de junho de 2011

Será que foi o Santo?


Vinho guardado na memória



Mais uma vez estava eu lá, sentado, sorrindo das boas histórias do Luciano e me preparando para escolher, sem medo de errar, mais um vinho. Afinal, são mais de 7 anos de fidelidade e rendição aos prazeres da carne, das massas, dos friccós do Friccó. Ansioso, vasculho a carta, mordiscando o último pedacinho de bruschetta. Percorro com o dedo os engarrafados da Umbria e... Cadê ele?

Tenho certeza, o nome dele começava com A e ficava aqui, bem no meio da lista, minha memória não pode me trair. Sauro sente meu desespero e, calmamente, vem até minha mesa. Sem rodeios, ele me dá a notícia triste. O distribuidor deixou de importar o vinho da Itália... Reajo de maneira desorganizada, proponho imediatamente um rompimento diplomático, um boicote às vinícolas concorrentes, um comunicado à ONU...

Sentindo meu desapontamento, o chef dá um sorrisinho de canto de boca, malicioso e corre até a adega. Traz cuidadosamente, como se estivesse segurando Enrico no colo, a última garrafa sobrevivente de Assisi, safra 2001. O que posso dizer depois disso, a noite ganhou nuances da incrível mescla das uvas cabernet, merlot e sangiovese. Uma verdadeira bomba atômica de sabor, maciez e consistência que explode desavisadamente e desavergonhadamente na boca. As papilas degustativas agradecem, de joelhos, a bondade de Sauro em me dar mais uma noite de prazer e luxúria de um vinho inesquecível.

Di Moretti